terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vômito.

  Hoje é dia de enfiar o dedo na garganta e vomitar tudo que tem causado dor de estômago, azia. Aqueles pedaços de falta de caráter mal digeridos, as doses de cinismo bebibas em horários ruins e aqueles petiscos de sentimentalismos Embebidos de carência que comi na noite passada. Comidas pesadas assim não fazem bem de noite.
  Hoje vou vomitar mesmo, jogar todas as porcarias que comi fora. Talvez até tenham algumas proteínas boas que comi junto, um pouco de risadas, talvez uma ou duas trocas de olhares que poderiam valer a pena, mas se eu deixar toda a quinquilharia dentro de mim por uma ou duas coisas boas, vou acabar com uma bela intoxicação emocional.

Gabriela Fertonani.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Borboletas no desenquadro.



A menina dos cabelos metade presos, que dançava pelas ruas da praça em todos os finais de tarde, com seu vestido esvoaçante coberto de paná-paná. Sentava-se no banquinho mais belo do parque, e assistia o pôr-do-sol.
O garoto de cabelos desgrenhados, sob um charmoso chapéu surrado, que fazia graça dentro de seu olhar azul. Um jovem pintor, sentado num banquinho da esquina, fazendo um quadro novo a cada tarde que descia.
Nesse quadro triste e inseguro os dias passavam e as borboletas quase desbotavam, pois um chapéu surrado e um vestido esvoaçante pintavam um diálogo mudo e sem sabor.
Porém um belo dia, o vento cansado dessa situação fria, soprou e soprou! O chapéu dançava e o vestido bailava. Por um instante as borboletas voaram, fizeram a primeira e última valsa de outono. Aconteceu assim, de tal forma e intensidade que uma borboleta inebriada da dança, ficou presa dentro do charmoso chapéu surrado, deixando o paná-paná do vestido um pouco desfalcado...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Onze e trinta e três.

 Caro leitor, o texto de hoje não é poético, nem mesmo tem algum fundo em situações ou relações mal resolvidas. O texto de hoje é como um comentário sobre alguns acontecimentos ocorridos minutos atrás.


 Não eram seis da manhã quando levantei da cama; tomei meu chá, acordei meu irmão, e fiz todos os outros itens da minha rotina. A coisa mudou na última aula da última segunda-feira antes das férias.
 Assisti um documentário fascinante sobre os "Doutores da alegria", e ouvi o professor ler um trecho de uma entrevista. Em uma das perguntas o jornalista questionou a entrevistada sobre o dia mais importante do mundo no ponto de vista dela, e sua resposta curta e suave deixou-me intrigada, pois se perguntassem a mim ontem eu responderia o contrário. O sinal bateu, sai da sala com a resposta entalada na garganta, fui compreender a dimensão da resposta nos tais minutos atrás que mencionei.
 Liguei a televisão treze e vinte e dois da tarde, estava nos minutos finais de "A fantástica fábrica de chocolate" regravado em 2005. Um filme fantástico na minha opinião; não só pelo fato de conter Burton, Depp e Bonham Carter, (que
nem preciso comentar pois são maravilhosos) , mas pela atitude peculiar de Charlie que ao contrário do mundo, escolheu a família e não o sonho. Quantas pessoas valorizam mais elas mesmas do que a família? E quando a perdem ficam arrependidos por tal atitude? Isso é um tema intrigante, mas não é o foco deste texto.
Sai de casa pelas quatorze e dez, quando deveria sair às quatorze, não sou o que você poderia chamar de pontual, na realidade me atraso mais do que chego no horário. Porém, não poderia ser considerado um atraso, já que meu treino foi cancelado. Enfim, vi um casal na porta de um colégio ou faculdade, não sei ao certo, a intensidade da despedida, do olhar ferido por mágoas anteriores, das mãos frívolas do garoto na cintura da menina, foram intensos sim. Porém o que fez o arrepio irradiar meu corpo, foi a frieza das pessoas ao redor daquela que acho que posso chamar de "última despedida".
 Despedida é algo que nunca gostei, até hoje sinto arrepios em velórios, mais ainda em leitos de hospital. Infelizmente para mim, esta não foi a última despedida do dia de hoje. Aproximadamente a um mês atrás, fui ao velório de uma Tia velhinha que estava muito doente. Seu marido é um dos homens mais queridos que já conheci, e quando ela morreu, fez a seguinte declaração, "Ô filhinha, meu benzinho foi pro céu. Queria ter subido primeiro, mas não consegui e ela foi mais cedo, obrigado por ter vindo dar adeus a ela aqui. Não sei quando tempo mais vou durar neste mundo de passagens, quero encontrá-la junto com o Senhor Jesus.", confesso que enchi os olhos d'água naquele momento.
  Hoje pelas dezoito e trinta fui visitá-lo, ele passara dez dias internado no hospital, a tal doença nos pulmões tomou proporções maiores das que ele poderia aguentar. Não pude ficar em sua aconchegante e nostálgica sala de estar mais que vinte e cinco minutos, minha irmã tinha horário para chegar em casa, pois tem um compromisso muito importante hoje a noite. Porém os vinte e cinco minutos em que estive lá, ficarão guardados para sempre, pois mesmo doente não mudou o tom suave de sua voz, nem mesmo seu olhar calmo e azul. Conversou com todos, e até o último minuto falou da obra de Deus, algo que admiro muito, pois ele realmente viveu o propósito de Deus na sua vida.
Quando entrei no carro, a opção shuffle estava ativada e tocou uma música que gosto muito e não escutava há tempos "Leaving on a jet plane" que se encaixa muito bem na situação, curioso, não?
 A resposta da pergunta no início do texto foi hoje, e realmente hoje é o dia mais importante do mundo, mesmo com todas as despedidas e todos outros momentos, pois talvez eu chore, estude, ria, durma, mas vou fazer tudo hoje, pois não sei o que acontecerá amanhã.
 Ah! E sobre o horário no título do texto, não vou explicar, use a imaginação.

terça-feira, 15 de março de 2011

Por um dente-de-leão.


A garota de cabelos cúpricos que sorridente passava na esquina de uma rua qualquer, encontrou um gracioso dente-de-leão; seus olhos brilharam de alegria, suas suaves mãos rapidamente deslizaram ao chão, colhendo o pequeno dente-de-leão.
Pousando seus cílios fez um desejo, e com toda sua esperança, soprou-o. Num instante os floquinhos de dente-de-leão pairavam pelo ar, carregados delicadamente pela brisa, como numa viagem sem fim;
E naquela cena seus fascinados olhos denunciaram a súbita felicidade que aquela garota sentia.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Farol de tinta.


Disse que seu tempo acabava
Pois o cansaço vencia os ventos
E que podia apenas ver o pôr das horas.

Contestar-te não pude,
Alegrar-me não mais;
Via apenas suspiros teus
Sobre os meus olhos molhados.

O mar embalou meu canto seco
Mostrando os dias esquecidos
Dentro de um balde de conchas.
Não pude deixar o grito ecoar,
O fôlego não chegou até o final.

E como um último sopro;
Os dedos deslizando a espinha
Voltaram a tinta.
As canções suspiradas,
Voltaram a margem.

O farol quase amante
Deixou-se cenário.
E o pôr das minhas horas,
Voltou a ser imagem.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Menos moscas; Mais foco.


Há algum tempo, vinha sem motivação ou inspirações aparentes, assim resolvi  deixar tudo o que fazia, vazio e às moscas.
  Falta de tempo? Talvez, a vida corriqueira pode ter atrapalhado um pouco minha cabeça, mas o jeito como abandonei minha imaginação tinha pontinhas em muitos outros motivos, que nem eu sabia quais eram.
" -Ah! Gabriela, talvez foi uma época intensa, dramática." " - Quem sabe não foi uma sensibilidade maior que bateu naquela hora?" Não, existia um outro cascalho muito maior que travava o rio de meus pensamentos.
  A percepção aguçada do mundo a sua volta, a tal sensibilidade, é movida a expectativas; é a esperança, é cada pequeno sonho! Era exatamente o que não existia mais. Porém, focos renovados e sonhos férteis não faltavam apenas em mim, é um remédio que está em constante falta nas prateleiras da humanidade.
  Ninguém consegue viver apenas com comida e oxigênio, se fosse desse jeito, não haveria stress e depressão. O combustível de nossa sanidade é o sonho.
  Sabe as moscas? Voaram por ai procurando outra cabeça para infernizar, pois meu anseio é ter expectativas novas pela manhã, e focar minha inspiração no maior vendedor de sonhos que o mundo já conheceu.