segunda-feira, 27 de junho de 2011

Onze e trinta e três.

 Caro leitor, o texto de hoje não é poético, nem mesmo tem algum fundo em situações ou relações mal resolvidas. O texto de hoje é como um comentário sobre alguns acontecimentos ocorridos minutos atrás.


 Não eram seis da manhã quando levantei da cama; tomei meu chá, acordei meu irmão, e fiz todos os outros itens da minha rotina. A coisa mudou na última aula da última segunda-feira antes das férias.
 Assisti um documentário fascinante sobre os "Doutores da alegria", e ouvi o professor ler um trecho de uma entrevista. Em uma das perguntas o jornalista questionou a entrevistada sobre o dia mais importante do mundo no ponto de vista dela, e sua resposta curta e suave deixou-me intrigada, pois se perguntassem a mim ontem eu responderia o contrário. O sinal bateu, sai da sala com a resposta entalada na garganta, fui compreender a dimensão da resposta nos tais minutos atrás que mencionei.
 Liguei a televisão treze e vinte e dois da tarde, estava nos minutos finais de "A fantástica fábrica de chocolate" regravado em 2005. Um filme fantástico na minha opinião; não só pelo fato de conter Burton, Depp e Bonham Carter, (que
nem preciso comentar pois são maravilhosos) , mas pela atitude peculiar de Charlie que ao contrário do mundo, escolheu a família e não o sonho. Quantas pessoas valorizam mais elas mesmas do que a família? E quando a perdem ficam arrependidos por tal atitude? Isso é um tema intrigante, mas não é o foco deste texto.
Sai de casa pelas quatorze e dez, quando deveria sair às quatorze, não sou o que você poderia chamar de pontual, na realidade me atraso mais do que chego no horário. Porém, não poderia ser considerado um atraso, já que meu treino foi cancelado. Enfim, vi um casal na porta de um colégio ou faculdade, não sei ao certo, a intensidade da despedida, do olhar ferido por mágoas anteriores, das mãos frívolas do garoto na cintura da menina, foram intensos sim. Porém o que fez o arrepio irradiar meu corpo, foi a frieza das pessoas ao redor daquela que acho que posso chamar de "última despedida".
 Despedida é algo que nunca gostei, até hoje sinto arrepios em velórios, mais ainda em leitos de hospital. Infelizmente para mim, esta não foi a última despedida do dia de hoje. Aproximadamente a um mês atrás, fui ao velório de uma Tia velhinha que estava muito doente. Seu marido é um dos homens mais queridos que já conheci, e quando ela morreu, fez a seguinte declaração, "Ô filhinha, meu benzinho foi pro céu. Queria ter subido primeiro, mas não consegui e ela foi mais cedo, obrigado por ter vindo dar adeus a ela aqui. Não sei quando tempo mais vou durar neste mundo de passagens, quero encontrá-la junto com o Senhor Jesus.", confesso que enchi os olhos d'água naquele momento.
  Hoje pelas dezoito e trinta fui visitá-lo, ele passara dez dias internado no hospital, a tal doença nos pulmões tomou proporções maiores das que ele poderia aguentar. Não pude ficar em sua aconchegante e nostálgica sala de estar mais que vinte e cinco minutos, minha irmã tinha horário para chegar em casa, pois tem um compromisso muito importante hoje a noite. Porém os vinte e cinco minutos em que estive lá, ficarão guardados para sempre, pois mesmo doente não mudou o tom suave de sua voz, nem mesmo seu olhar calmo e azul. Conversou com todos, e até o último minuto falou da obra de Deus, algo que admiro muito, pois ele realmente viveu o propósito de Deus na sua vida.
Quando entrei no carro, a opção shuffle estava ativada e tocou uma música que gosto muito e não escutava há tempos "Leaving on a jet plane" que se encaixa muito bem na situação, curioso, não?
 A resposta da pergunta no início do texto foi hoje, e realmente hoje é o dia mais importante do mundo, mesmo com todas as despedidas e todos outros momentos, pois talvez eu chore, estude, ria, durma, mas vou fazer tudo hoje, pois não sei o que acontecerá amanhã.
 Ah! E sobre o horário no título do texto, não vou explicar, use a imaginação.