É clichê mesmo, nada de novo e que ninguém nunca ouviu, mas nem por isso não é verdade.
Amar nos faz grandes como uma galáxia inteira que pulsa continuamente com infinitas estrelas. É quente, aquece, cura os medos que a gente nem sabia que tinha, cala a boca da insegurança e puxa pra perto, pra dentro, e faz casa.
Pequena como as coisas.
Ela não sabe o que dizer, sempre enroscada nas sórdidas descrições. Apenas dê um tempo para ela poder mostrar.
quarta-feira, 12 de abril de 2017
domingo, 27 de janeiro de 2013
Imaginar.

A gente imagina tudo
antes de pensar em realizar, sejam situações impossíveis ou um simples
plano do fim de semana. A gente imagina, volta atrás, e depois imagina
um outro pensamento, e até dorme pensando naquilo que a gente imaginou, e
aí acaba sonhando com aquilo que a nossa insana imaginação criou! Por
isso, imaginar é a matriz dos verbos, pois sem esse, nem os outros
existiriam, pois pra existir precisa imaginar primeiro...
Pequena como as coisas.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
(Des)faz.
Então ela, já cansada de (des)amor e (des)ilusão, navegou com seu barquinho de sonhos, já velho e surrado; deixou as velas se levarem pelas brisas de um suspiro (des)acreditado, e quase afogou-se ao (des)aguar num mar aí, qualquer. Ela só quer um cais, pra pousar seu barquinho e seus cílios molhados de tanto (des)amar.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Ida
A
menina dos sentimentos furta-cor.
Ida
era uma
garota como as outras, quer dizer, talvez nem tanto. Nunca gostou ou
fez nada que outras garotas costumavam fazer, mas nada era tão
anormal, Ida apenas possuía uma personalidade diferenciada.
Acorda às 9
horas desde que começou a se entender por gente, meio magricela,
cabelos cúpricos em ondas até a altura dos seios; fechada, nunca
havia demonstrado o que sentia, até seus 12 anos, onde tudo aquilo
começou...
O relógio
batera 9 horas, Ida levantou e vestiu seu casaco cinza pela altura
dos joelhos que sua mãe tanto gostava, colocou um jeans qualquer,
lavou o rosto rapidamente, pegou o dinheiro do ônibus em cima da
prateleira e apressada saiu de casa.
Naquela
manhã Ida visitaria sua mãe doente no pequeno hospital da cidade.
Um pouco receosa, Ida entrou devagar no quarto e ao ver a imagem de
sua mãe num estado terminal, desabou. O desespero e angústia
invadiram seu frágil corpo de tal maneira que suas finas veias
lentamente mostravam um turquesa intenso.
Ao olhar seu
reflexo no espelho, viu o que havia acontecido. Sua pele apresentava
variações de turquesa a azul marinho fazendo o branco pálido
desaparecer, e nada do que fazia, mudava a estranha coloração.
Trancou-se no banheiro e pôs-se a chorar. Depois de um tempo os
soluços baixos e úmidos embalaram Ida, que adormeceu. Acordou
assutada ainda no chão do banheiro, e abrindo meios olhos percebeu
que a calma pouco a pouco aparecia. Tomou coragem e chegou perto do
espelho, via o azul ir desaparecendo.
Os dias
passavam, os meses viravam; mas todas as vezes que seus sentimentos
ficavam mais intensos as cores apareciam, de turquesa à magenta. Ida
tinha suas dúvidas, mas de fato seus sentimentos eram intensos de
tal maneira que irradiavam cores a todo seu corpo.
Ida sabia
que essas mudanças de cor eram anormais. De início, pensou que
havia se tornado um monstro. Decidiu então que era hora de se
afastar de todos antes que eles soubessem que a amiga deles havia se
tornado uma “aberração que soltava cores”. Não se via Ida no
mercado e muito menos na biblioteca do seu bairro que tanto
frequentava. Na escola, trocou de lugar e sentou-se isolada no fundo
da sala de aula. Ida não conversava com mais ninguém.
Ao mesmo
tempo, chegava à escola de Ida um novo aluno. O seu nome era Hermes,
garoto tímido, cabelo loiro feito gema, de olhos pequenos que sempre
eram acompanhados de um proeminente óculos de armação dourada, com
sardas espalhadas ao redor rosto e de um olhar estupidamente
adorável.
Com o
auxílio do diretor, chegou ao seu destino: sala 109 – que
curiosamente era a mesma sala de aula de nossa protagonista Ida.
Hermes entrou meio desajeitado, tropeçou em algumas carteiras e
graças ao jeito desastrado e aparência esquisita ganhou a total
reprovação dos colegas de classe. Ninguém recepcionou o pequeno
Hermes e ele percebeu que ali ele não era bem vindo.
Em
contrapartida Ida nem se deu conta que um novo aluno entrara na sala,
aliás, nos últimos tempos Ida se contentava em apenas focar o seu
olhar a sua carteira - era uma boa forma de manter a frieza dos
sentimentos e, assim, evitar que sua pele se transformasse em novas
cores. Engraçado que o mesmo não aconteceu com Hermes que quando os
seus óculos de armação dourada encontraram a garota solitária que
sentava ao fundo da sala, pareceu que aqueles óculos não queriam
mais enxergar nada mais do que aquela garota sentada ali.
Semanas se
passaram e ela insistia em caminhar sozinha pelos cantos; semanas se
passavam e ele insistia em olhar para ela. Até que num intervalo
Hermes resolveu falar. Chegou meio desengonçado, meio sem jeito, mas
estava mesmo disposto a conversar com ela.
- Oi.
Ela, que há
semanas não conversava com alguém, entrou em pânico, pensou em não
responder, mas sentiu que isso seria indelicado demais para com o
menino, respondeu, portanto sussurrando, com os olhos fitando o chão
um quase inaudível “oi”.
- Qual é o
seu nome?
- Ida.
O menino
achou que logo após viria um “e o seu?”, mas depois de alguns
minutos em silêncio percebeu que sua presença não era muito
querida por sua “amada”. Ainda que frustrado, insistiu em
continuar.
- Prazer, o
meu nome é Hermes.
Longos
minutos se estenderam em silêncio até que Ida resolveu olhar para o
garoto insistente. Sorriu amarelo para ele, quase que o convidando
para se retirar, mas ao contrário do esperado – quer seja pela
insistência ou por não ter entendido o convite – Hermes resolveu
continuar com a conversa.
- Não tinha
percebido que os seus olhos eram verdes, Ida.
- Se você
soubesse quantas cores existem dentro de mim, viria que os olhos
verdes são detalhes – Ida disse sem pensar, por um momento
deixou-se relaxar com aquele garoto que ela mal conhecia.
- Se me
permitir, quero conhecer todas as suas cores.
- Não
entende o que quero dizer, eu sou uma pessoa bem esquisita.
- Esquisitos
todos somos, Ida. Olhe para mim!
Ela pela
primeira vez olhou bem fundo para Hermes. Há muito tempo não
prestava tanta atenção em alguém. Olhou para aquele corpo magrelo,
de pernas visivelmente tortas, mas de um sorriso angelical. Era um
sorriso que Ida jamais havia visto, um sorriso que demonstrava algo
além do que uma mera cordialidade. Passava sentimento, demonstrava
mais do que afeto, aquilo devia ser o que os especialistas chamariam
de amor.
“Amor?
Não, impossível alguém me amar assim”. Ida muito esperta era
dramática, viu no sorriso daquele garoto um possível futuro e com
isso lhe vieram uma enxurrada de questionamentos. “E se eu amá-lo
e minhas veias mudarem de cor?”, “E se os nossos filhos também
tiverem as veias coloridas....aliás, e se ele descobrir que eu sou
uma aberração, será que ele vai sorrir assim para mim?” –
pensava agora a desesperada Ida.
- Garoto,
você me parece legal então serei sincera contigo. Afaste-se de mim,
eu não sou boa pessoa! – Ida agora voltou a fitar o chão.
- Por que eu
deveria me afastar? Por que não seria uma boa pessoa?
- Porque não
sou assim tão normal quanto pareço, sofro de uma doença que faz as
veias do meu corpo se transformar em várias cores dependendo do que
eu estiver sentindo. Terá vergonha de mim se me ver trocando de cor
na frente dos seus amigos, portanto, é melhor se afastar...
O garoto
ficou surpreso, não sabia o que dizer. Os olhos de Ida estavam
cheios de lágrimas e as veias de seu corpo se tornavam tão azuis
feito o mais profundo dos oceanos. Era uma cena um tanto assustadora,
mas não para ele. Hermes sentou-se ao lado de Ida, enxugou suas
lágrimas e abraçou-a na altura dos ombros e disse:
- Eu nunca
vi nada tão igual em minha vida e é mesmo esquisito o que vou dizer
agora, mas...eu sempre pedi a Deus uma garota que fosse tão linda
feito um arco-íris, só não sabia que Ele iria fazer um arco-íris
só pra mim...
E nos
pequenos olhos de Hermes, Ida se encontrou. A “aberração das
cores” se transformou na “musa feita de arco-íris” e a vida
não podia ser mais colorida.
Fim.
Ida
é um texto muito importante para mim. Ele é o primeiro de uma série
fantástica de textos que tive a alegria de fazer com um amigo que
respeito e admiro muito como escritor! O blog
dele você encontra aqui e seu twitter é @assimdisse
Pequena como as coisas.
terça-feira, 22 de maio de 2012
(Quase) História de nós dois.
Podíamos ser como unha e carne, de um jeito simples e descomplicado, podíamos sorrir todas as vezes que víssemos uma tarde chuvosa, e andar de bicicleta aos sábados no parque.Eu poderia fazer um café forte e sem açúcar as 07:00. Todos os dias. E você buscar os pãezinhos na padaria. Sairíamos para trabalhar cada um do seu lado, você me daria um beijo na ponta do nariz, e eu sorriria com os olhos.
Quando voltássemos eu faria um bolo de limão com calda de baunilha, como você gosta. Sentaria no balcão da cozinha balançando os pés enquanto você coloca as mãos ao redor de minha cintura.Passaríamos a noite acordados matando um exército de zumbis nazistas e você daria aquela risada forçada dizendo que me deixou ganhar, quando na verdade sabe que sou melhor que você nesse jogo.Tomaríamos um banho gelado só para deitar na cama quentinha encolhendo os pés para baixo dos cobertores. Quando eu dissesse não, você me mataria de cócegas até eu concordar, independente do assunto.
Formaríamos uma dupla de briga, como Bonnie e Clyde, e eu jamais discordaria da sua palavra quando jurasse de coração, fazendo um pequeno x no peito, mesmo quando soubesse que estava certa.Poderíamos ter uma vida feliz, casar e comprar uma bicicleta, até mesmo ter um gato. Poderíamos ser os dispostos que se atraem, como quem quer ficar junto a vida toda. Poderíamos ser o que quiséssemos, um dia de super-heróis, um dia de vilões, um dia de choros e outro de alegrias. Eu e você.
Pequena Como As Coisas.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Loja aleatória.
- Me interesso com intensidade, desapego com facilidade. Por que se arriscar então, meu bem? - Disse a garota de voz rouca e doce.- De coisa mal feita e arriscada minha loja é feita.
- Tem Certeza? - Disse o rapaz de olhar azul.
- Essa Não tem pra hoje não seu moço, tá em falta pelas redondezas aqui. Só tem coisa malfeita, apego e mordida, mas corre que tá quase acabando, a Coragem foi embora e levou quase tudo. Vai comprar mesmo assim?
- Vou levar tudo, gosto do mal feito, tem mais sabor.
- Vai levar como?
- Posso levar o apego nos olhos, mas a mordida é pra agora.
Pequena como as coisas.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Vômito.
Hoje é dia de enfiar o dedo na garganta e vomitar tudo que tem causado dor de estômago, azia. Aqueles pedaços de falta de caráter mal digeridos, as doses de cinismo bebibas em horários ruins e aqueles petiscos de sentimentalismos Embebidos de carência que comi na noite passada. Comidas pesadas assim não fazem bem de noite.
Hoje vou vomitar mesmo, jogar todas as porcarias que comi fora. Talvez até tenham algumas proteínas boas que comi junto, um pouco de risadas, talvez uma ou duas trocas de olhares que poderiam valer a pena, mas se eu deixar toda a quinquilharia dentro de mim por uma ou duas coisas boas, vou acabar com uma bela intoxicação emocional.
Gabriela Fertonani.
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